domingo, 28 de agosto de 2011

ALTIVA DECISÃO DE PÁDUA LEITE: DA SEGURANÇA FINANCEIRA DEFINIDA PARA O APELO DA VOCAÇÃO PROFISSIONAL

Já formado em Direito, assistindo, certa vez, à missa, contrito, ele pediu a Deus que lhe desse a autodeterminação de firmar-se autonomamente como advogado, carreira para a qual se sentia deveras vocacionado. E, tão logo ao sair da igreja, surpreendeu-o sua mulher com a asseveração de ter ela sentido, durante aquela celebração, que ele era um predestinado para a advocacia.

Algum tempo depois, tendo, após fervorosa oração, adormecido num quarto próximo a outro onde já estavam dormindo sua mulher e filhos, pancadas cadenciadas na cabeceira da cama o fizeram despertar de súbito, aturdidamente. Tentando refazer-se do susto e do torpor da sonolência, olhou em volta, e não viu ninguém. Apenas o rádio, que deixara ligado, ao adormecer, transmitia-lhe músicas de um programa da madrugada. Confuso e atordoado, correu a ver se as pancadas procediam de um de seus filhos, mas, com espanto, percebeu que eles e a mãe dormiam placidamente. Voltando à cama, o rádio, imediatamente, lhe fez chegar aos ouvidos, com deliciosa nitidez, a canção Conquistando o Impossível, de Breno César e Solange de César, na voz da cantora Jamilly.

Posteriormente, com fervorosa devoção, ele fechou os olhos, tomou nas mãos convulsas a Bíblia, e, calcando-lhe com o polegar o corte da frente, abriu-a aleatoriamente. Detendo, a fito, o olhar sobre um trecho de uma das duas páginas que lhe surgiram à vista, deslumbrado, e invadido por efusiva sensação de vitória, leu: “Cada um permaneça na profissão em que foi chamado por Deus”.

Tão sublimes e determinantes palavras talvez constituíssem um desígnio divino para selar definitivamente uma decisão que o advogado Antônio de Pádua Pereira Leite, técnico judiciário do Tribunal Regional do Trabalho do Estado da Paraíba, vinha, havia já longo tempo, hesitando em tomar.

Mera coincidência, mística revelação, ou seja lá o que for, o certo é que aquele abrir, à sorte, a Bíblia, em ardorosa oração, pareceu ter mostrado a Pádua o que bem lhe poderia ser a resposta que ele buscava para decidir-se, de uma vez por todas, a deixar aquele tribunal, onde trabalhava desde 1992, e passar a exercer a advocacia em Piancó, seu torrão natal.

Resolutamente, em 27 de janeiro deste ano, Pádua pediu exoneração de seu cargo, e, embalado pela sensação de começar nova vida, abriu um escritório de advocacia em Piancó...

Mas... parece que o Tribunal Regional do Trabalho do Estado da Paraíba não quer perder o advogado Antônio de Pádua Pereira Leite, e, endossando-lhe a probidade, inteireza de caráter e idoneidade profissional, está tentando persuadi-lo a continuar no cargo...

Tocado, ao saírem da igreja, por aquela fremente afirmação de sua mulher, pelas inexplicáveis pancadas na cabeceira da cama e pela música Conquistando o Impossível, Pádua, convictamente crente de conter a Bíblia poderes insondáveis para a compreensão humana, somente alcançáveis pela fé, exultou pelo sinal que julgou ter-lhe sido dado por esse livro iluminado para o novo rumo de sua vida.

Entretanto, se forças invisíveis contribuírem para manter Pádua no cargo de técnico judiciário do Tribunal Regional do Trabalho do Estado da Paraíba, ficará, decerto, patente ao renomado advogado piancoense a comprovação de que, como tão severamente diz a Bíblia, “a sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda a determinação”...