quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

APONTAR-TE O DEDO CONTRA TUA POLÍTICA INÍQUA E EXCLUDENTE É PRECISO, Ó PIANCÓ DECADENTE!


Jovem, 20 anos, pobre, prostituta, usuária de drogas, revoltada com sua miséria existencial, entediada com a mesmice de seu cotidiano sócio-cultural. “Eu bem que poderia ter tido outra vida aqui, mas nunca me deram uma oportunidade. Os políticos daqui não ajudam os pobres. Sempre desejei ter uma profissão, trabalhar por minha conta. Minha mãe fez tudo para conseguir comprar uma máquina de costura para mim, mas nunca pôde. Acabei trabalhando nas casas dos outros, como empregada doméstica... E hoje vivo assim, desiludida, sem saber o que fazer da vida...”, desabafa, exasperadamente, a irritada adolescente, indignada com a política iníqua e excludente de Piancó...

Jovem, 19 anos, pobre, alcoólatra, inconformado com a exclusão social que o relega à condição de indesejável favelado. “Sempre tive vontade de abrir uma borracharia para mim, aqui em Piancó, mas nunca tive condições de comprar o equipamento necessário. Também nunca encontrei quem me facilitasse um espaço onde eu pudesse executar esse trabalho. Pensei em procurar um político que me mostrasse um jeito de eu conseguir isso, mas desisti, pois sei que em Piancó os políticos ainda não fizeram nada para ajudar a quem quer iniciar um pequeno negócio”, diz frustradamente e indignado com a política iníqua e excludente de Piancó...

Jovem, 18 anos, pobre, estudante, com admiráveis pendores artísticos, frustrada por não poder conseguir meios para desenvolver seu talento e obter renda. “Meus trabalhos de pintura e crochê tanto são procurados aqui como nos municípios vizinhos. Eu gostaria de me aperfeiçoar em artesanato, e conseguir mercado para meus produtos, mas o município de Piancó não tem nenhuma ação de ajuda ao artesanato. Os políticos daqui não têm o mínimo interesse nisso”, exclama desalentadamente e indignada com a política iníqua e excludente de Piancó...

Jovem, 21 anos, pobre, concluinte do Ensino Médio, sem recursos para montar um salão de beleza, apesar de sua reconhecida habilidade em corte de cabelo, manicure e pedicure, atividades que tem desenvolvido empiricamente em sua casa, à míngua da ansiada formação técnica e do espaço de trabalho que não logrou obter em sua própria cidade. “Piancó não tem o que dar. Neste lugar nada se faz pelos pobres. Os políticos daqui só pensam nos interesses deles. Eu gostaria de viver aqui, mas, mesmo sem querer, sou obrigada a ir embora. Vou para São Paulo.”, diz, confrangidamente, com as faces enrubescidas e a voz embargada de indignação, semicerrando os olhos marejados de lágrimas, e deixando transparecer na entonação da expressão acentuado tom de amargor e melancolia, por ter de deixar seus entes queridos, por ter de deixar sua terra natal, de onde não sairia, se oportunidades tivesse de nela prosperar. Triste, desgostosa da vida e extremamente indignada com a política iníqua e excludente de Piancó...

Jovem, 19 anos, estudante. “Vou economizar até conseguir o dinheiro de minha passagem para São Paulo. Vou tentar a sorte lá. Piancó não tem o que dar, não tem emprego, não tem nada para oferecer à juventude. Essa cidade não se desenvolve, ninguém faz nada por ela. Os políticos daqui nunca se uniram para conseguir nada para os pobres. Só sabem prometer e não fazem nada. Essa politicagem de Piancó é uma praga!”, deblatera a resoluta adolescente, indignada com a política iníqua e excludente de Piancó...

Eis deploráveis depoimentos que tanto conspiram contra ti, Piancó, como fragmentos de muitos extensos desabafos de filhos teus pobres, injustiçados e excluídos, financeiramente fragilizados e indignados com tua política iníqua e excludente.

Sou, pois, forçado a apontar-te o dedo e perguntar-te, Piancó: À parte o certo que fizeste, ao longo dos teus 263 anos, que de errado então fizeste tu para seres alvo de tanta indignação assim conta tua política?

Quem te conhece bem e contigo convive, Piancó, bem pode responder por ti: É tão só que, voluntária ou involuntariamente, fizeste a política dos políticos e não a política do povo... a política do poder e não a política do desenvolvimento... a política da demagogia e não a política da justiça social...

Fizeste, Piancó, a política dos políticos e não a política do povo, porque sempre moldaste tua ação política pelo jogo das conveniências político-partidárias de uma privilegiada minoria elitista e autoritária, toscamente apática e indiferente às iniciativas de emergência política de tuas classes populares; minoria insensivelmente contrária à luta dos pobres para se tornarem sujeitos políticos, ocuparem espaços e assumirem papéis decisivos na cena pública.

Inúmeras são, Piancó, tuas censuráveis manifestações de iniqüidade política, de segregação contra teus pobres, de desrespeito à tua desalentada população. Tua classe dominante sempre persiste, ardilosamente, em manter tuas minorias, teus pobres, teus excluídos impedidos da ascensão social e política.

Vejam-se, a exemplo, Piancó, dois casos que te são emblemáticos de tua política iníqua e excludente:

Um, o vergonhoso e cínico proceder de atores políticos teus que, ao sabor das vantagens que lhes sejam oferecidas, mudam despudoradamente de posição político-ideológica, num abrir e fechar de olhos, mercantilizando, da maneira mais vil e repugnante, seu papel representativo da coletividade. Outro, a interesseira interposição de tua classe dominante entre o povo e as esferas de poder estadual e federal, o que constitui uma barreira que só tem impedido o diálogo franco e direto do povo com seus representantes naqueles níveis de representação.

Tudo isso, Piancó, porque tua elite dominante sempre buscou deter o monopólio do discurso, em nome do povo, ante as demais esferas de poder. E, como se isso não bastasse, tua elite dominante sempre procurou, de uma forma ou de outra, sufocar os protestos de contestação à tua política iníqua e excludente, que tanto tem causado desintegração familiar e exclusão social.

Desditosos pais pobres, a verem partir para longínquas terras não menos desditosos filhos seus, que em ti, Piancó, bem poderiam ter ficado e progredido.

E, a cada partida desses excluídos de ti, Piancó, um coração de mãe dilacerado pela dor da separação e da saudade, pela incerteza de revê-los um dia, pela deprimente tristeza de nem sequer lhes ter podido proporcionar um recurso qualquer, por pouco que fosse, para minorar-lhes as privações da viagem. Tristeza não menos deprimente dos que nada de lenitivo puderam deixar para as privações de seus familiares que em ti ficaram, Piancó.

Fizeste, Piancó, a política do poder e não a política do desenvolvimento, porque, sempre avassaladas pelo corporativismo, tuas lideranças políticas jamais foram capazes de estabelecer um pacto apartidário entre elas e tua população, em prol de teu progresso e crescimento.

Teus pobres, teus excluídos, teus marginalizados simplesmente ficaram impossibilitados de prosperar em ti, Piancó, porque te omitiste de abrir-lhes oportunidades de progresso, de incluí-los num grande projeto comunitário de geração de emprego e renda, E a tantos deles, Piancó, outra saída não restou senão, a contragosto, a triste partida para longe, órfãos de tua proteção, vítimas de tua vergonhosa indiferença e omissão.

Fizeste, Piancó, a política da demagogia e não a política da justiça social, porque tua enganosa política mentiu às mentes crédulas, que sonharam com mudanças que nunca ocorreram, com promessas que nunca se cumpriram, com projetos que nunca se realizaram. Mentes de pobres, sem referência, sem nome, sem identidade, injustiçados e oprimidos, impotentes e humilhados, desiludidos de ti e extremamente indignados contigo, Piancó.

Tem prevalecido em ti, Piancó, disfarçado interesse de tua classe dominante em manter a pauperização de tuas classes desfavorecidas, premidas pela penúria, submetidas ao vergonhoso expediente da barganha do voto e do condicionamento clientelista,

Mas, Piancó, muitos de teus pobres estão começando a sair da passividade, e a perceber que lhes é possível o papel político ativo; estão começando a compreender que um retirante nordestino chegou ao Palácio do Planalto, por duas vezes, como o presidente mais votado da história do Brasil; estão começando a compreender que um palhaço nordestino chegou à Câmara dos Deputados como o deputado federal mais bem votado em todo o país; estão começando, enfim, a compreender que um barraqueiro nordestino, filho carente teu, Piancó, chegou à Assembleia Legislativa da Paraíba como o deputado mais votado desse Estado, e, paradoxalmente, como o menos votado em ti!...

E muitos de teus pobres, Piancó, também já começam a compreender que, pacificamente unidos e conscientes do exercício da cidadania, bem podem instituir em ti a política da prosperidade e da justiça social.

Que Deus te ilumine e guarde, Piancó, em 2012, ano decerto convulsivo e turbulento para tua desencantada população, em que irás, inevitavelmente, enfrentar um inquietante dilema político: ou enveredarás pelos caminhos da Nova Administração Pública, potencializadora de teu desenvolvimento econômico e social, ou permanecerás indolentemente estagnado na tua repudiável política iníqua e excludente!...

2 comentários:

Danniel Costa disse...

Excelente desabafo! Morei aí no início dos anos 90, onde tive uma bela infância entre banhos de piscina na AABB e carnaval molhado na Praça Salviano Leite. Mas a melhor parte foi a minha partida, pra cá - pra Capital. Porque aí, o sol nasce pra todos, mas a sombra é para poucos. O sol castiga e a política come a esperança do povo que só queria a chance de poder viver melhor. Voltei ao vale para visitar Piancó em 2011 (17 anos depois) e vi uma cidade igual a que deixei pra trás nos anos 90. Hoje, formado, graduado, premiado publicitário, diretor de uma grande agência de propaganda, confesso que agradeci aliviado ao Deus que me tirou correndo dos braços dessa cidade que parou. Meu pai (Dr. Cláudio Araújo) já me cansou de ouvir falar pra ele abandonar esse solo, que assola e assa a sola dos pés do sertanejo, que de tem sede mas não tem sorte, vive à beira da morte, mas ganha um punhado de farinha e uma dentadura de quatro em quatro anos. Povo marcado. Povo (in) feliz!

Anônimo disse...

Chico,

Preciso falar com voce, com urgencia. Mande um email para mim, por favor: auriga1000 arroba gmail ponto com.

John

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